sábado, 3 de janeiro de 2009
O senhor Pardal...
O senhor pardal. Foi o nome que lhe dei na minha infância e é assim que o chamo até hoje. Só o conheço assim, um homem que veste quase sempre a cor preta, que passeia a noite aqui pela rua, de casaco quente e cigarro na mão, passo lento de quem não tem pressa e não espera o inesperado. Faz o mesmo trajecto todos os dias, passa pela minha janela, partilhamos o fumo do cigarro e diz com um tom meigo, típico de um avô “ Boa noite pequena Catarina”. È um vizinho de 23 anos, que durante o dia alimenta os pássaros que guarda na garagem e a noite vagueia pela rua, no silêncio. Vejo-o a afastar-se, depois do “Boa Noite”, relembro as vezes que me deixou observar aqueles passarinhos e me contou algumas histórias. Na altura, não conseguia entender, os meus olhos não conseguiam ver, agora sei que é um homem só. Um homem com uma história que desconheço e que gostava de conhecer, um senhor amável. O senhor pardal, não é apenas um vizinho, é uma figura mítica desta rua que a noite quase que não tem vida, é o complemento do silêncio tão agradável e a companhia de segundos, é o senhor Pardal.
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