quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Loucos e Santos...

Em noites como as de agora, onde o frio aperta e alma pede para ser aquecida... Em que me julgo muitas vezes "anormal" e questiono o que é a normalidade... Encontro estas palavras...

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Porque é que não há ninguém no deserto?

Hoje já ninguém vai ao nosso deserto... A razão principal é que já não há muita gente que tenha tempo a perder no deserto. Não sabem para que serve e,quando me perguntam o que há lá e eu respondo "nada", eles riscam mentalmente essa viagem dos seus projectos.
Viajam antes em massa para onde toda a gente vai e todos se encontram. As coisas mudaram muito! Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da Net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expõem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, "leves", disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julguem poder ter o mundo aos pés, não aguentam nem um dia de solidão. Eis porque já não há ninguém para atravessar o deserto. Ninguém capaz de enfrentar toda aquela solidão. Eu próprio não creio que lá volte mais.

Miguel Sousa Tavares
No teu deserto

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

People...

Estava por aqui, a ver coisas que me despertam a atenção, e esta foi uma delas. A beleza dos rostos e as histórias que podemos imaginar só de olharmos para eles.


San Francisco's People. Canon 5DmkII 24p from Philip Bloom on Vimeo.